- Título: Para una historia de los Sirionó
- Assunto: História da América do Sul, missões franciscanas,
Assunto: povos indígenas ameríndios,
- Autora: Pilar García Jordán
- Formato: 17x24
- Número de páginas: 295
- Editora: Itinerarios 2011
- ISBN: 9789995479657
Pilar García Jordán
Para una historia de los Sirionó
Título:Introdução:
O nome dos Sirionó aparece pela primeira vez numa carta jesuítica de 1693, e o de seus parentes Yuqui um século mais tarde. Nada, ou quase nada, se sabe de sua história antes destas datas e na realidade, muito pouco até o século XX adentro, quando os franciscanos adscritos à Prefeitura de Guarayos tentaram sua conquista e redução. Da experiência missionária ficaram os diários dos frades, redigidos entre 1926 e 1943, chamados Diarios de Santa María.
O objetivo fundamental desta publicação é colocar ao alcance dos pesquisadores um material que ofereça uma informação muito rica sobre os Sirionó e os religiosos franciscanos – mediadores culturais por excelência – e junto com isso sobre alguns processos históricos que estavam se desenvolvendo na região.
Além disso, desejo oferecer em primeiro lugar alguns dados etnográficos sobre os Sirionó; em segundo lugar, caracterizar os aspectos mais significativos do projeto missionário (estratégia reducionista e práxis missionária) desenvolvidos pelos franciscanos para a conquista e redução dos Sirionó. Finalmente, a partir dos dados estatísticos sobre Santa María – população e atividades desenvolvidas – quero refletir sobre o êxito ou fracasso do projeto e sobre as razões fundamentais que a meu ver propiciaram um ou outro.
O projeto reducionista enfrentou obstáculos fundamentais que permitem entender o fracasso da missão. O primeiro obstáculo foi a resistência dos Sirionó à aceitação da nova práxis social. Dois elementos foram particularmente decisivos. O primeiro foi a regulamentação do tempo de trabalho como prevista no regime económico que os missionários pretenderam implantar e que os Sirionó inicialmente pareciam aceitar, mas depois nunca cumpriram. Outro elemento foi a poligamia que os Sirionó, particularmente os ererecua, praticavam e que os conversores sempre rejeitaram totalmente.
O segundo obstáculo, diretamente vinculado ao anterior, foi a liderança exercida entre os Sirionó pelos ererecua, dos quais os religiosos dizem ocasionalmente que exerciam grande controle sobre os membros do grupo, devido à sua qualidade de “bruxos”. Foi com ela, segundo os missionários, que detinham a liderança política e religiosa.
O terceiro obstáculo decorreu das doenças, tema presente nas relações entre missionários e populações indígenas em todos os contatos inter-étnicos. No caso dos Sirionó, a causa da maior mortalidade foi provavelmente a gripe, sempre recorrente, embora em certas conjunturas a disenteria houvesse uma especial incidência.
O quarto obstáculo foi a impossibilidade de a missão proporcionar alimentos aos Sirionó concentrados e muito menos àqueles outros que chegavam com a intenção de ficar.
A escassez de franciscanos fez também com que Santa María ficasse por semanas ou meses sem conversor e consequentemente sem a vigilância cotidiana sobre a população. Além disso, a dificuldade que os religiosos tiveram no domínio da língua impediu, como eles frequentemente destacaram, uma transmissão efetiva tanto da nova cosmovisão como da práxis social.
O sétimo obstáculo foi o controle realizado pelos religiosos acerca das ferramentas entregues aos Sirionó depois de constatar que estes frequentemente deixaram o assentamento após a obtenção delas.
Provavelmente há mais motivos a adicionar aos aqui elencados, embora os destacados sejam os fundamentais, como expressou em outubro de 1934 o conversor Schermair. Segundo ele: “A liberdade incomparável do mato, o horror do trabalho, o aborrecimento da disciplina e obediência, juntamente com as transgressões do sexto mandamento – poligamia dos ererecua e conduta homossexual de alguns homens“.
attttttttttttttttttttttttPilar García Jordán